Literatura


Poeta por essência e escritor por excelência, Antônio Francisco Alves Neto, o Chico Peres, tem verdadeira paixão pela Literatura. Entre suas diversas publicações estão “Amor em Poesia”, à  musa inspiradora Denise, primeira namorada com quem casou-se e, segundo ele próprio, a qual ele dedica seus textos mais ardentes.
Também destacou-se e escreveu seu nome na história de Saquarema ao lado da escritora Lina Barcellos, quando publicaram a pesquisa da vida e obra de “Alberto de Oliveira - O poeta de Saquarema”. Membro da Academia de Letras Rio Cidade Maravilhosa e da Academia Saquaremense de Letras. É com orgulho que Chico tem suas obras espalhadas por sebos no Rio de Janeiro.




  • Publicações




Livros



Capa do Livro "Amor em Poesia (Editora Tupy)". Abaixo texto da contracapa: 

Os poemas de Antonio Francisco Alves Neto são como um diário de amor. Numa fala íntima e cotidiana anota e sussurra para a sua amada os seus sentimentos mais escondidos, a natureza sempre nas linhas e entrelinhas. Brisas e luares, o mar, as flores, deslizam o tempo todo por sua escrita. Agora Antonio Francisco quer soprar seus escritos no vento para que todos e não só a mulher amada possam partilhar de seus segredos, a poesia, ofício tecido em silêncio - Roseana Murray.







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Capa e contracapa do livro em homenagem a Alberto de Oliveira, dos autores Antonio Francisco Peres Alves e a escritora e acadêmica (Academia Saquaremense de Letras - ASL) Lina Barcellos:




  




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Homenagem a Latuff

Texto lido durante a missa pela morte do amigo poeta e professor Latuff Isaías Mucci:

Diz a Escritura Sagrada: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo
para plantar e tempo para colher; há tempo para nascer e tempo para
morrer". Para os poetas, “A morte e a vida não são contrárias. São
irmãs”. A reverência pela vida exige que sejamos sábios para permitir
que a morte chegue quando a vida deseja ir.
           E ela se foi para o nosso amigo Latuf Isaias Mucci, no dia
09 de setembro de 2010.  Mas, sua obra ficou. Ficou impregnado em nós
o perfume de sua bondade, de sua generosidade, de sua amizade, e
especialmente de sua cultura.
         Como pessoa do mundo, Latuf amava esta nossa terra. Saquarema
foi seu refúgio, seu porto seguro. E não fez questão de esconder tal
fato. Mais do que isso: exteriorizou seu sentimento de amor no seu
livro Águas de Saquarema. Versejou Latuf:  “Nem nada nem ninguém
jamais em tempo algum/ Me fará morrer fora de Saquarema./ A terra
nunca morre em Saquarema”.
Estes versos são, em verdade, uma profissão de fé, um manifesto de
amor a Saquarema. No poema Testamento, disse: “Ninguém fica pra
semente./  Portanto/  me enterrem na terra/  deste jardim./  Assim
servirei/  de adubo/  a quem em vida/  me tem dado tudo de si:/
alegria/  e consolo.Estas flores/ humílimas/ e lindas”.  Estes versos
também foram escrito em Saquarema, na casa onde residia.
 Deixou também, todavia, um sinal, no poema Fatum: “Já não choro
mais./  Já não grito mais./ Já não mais me desespero/ Olhando meu
jasmim recém-nascido,/  Espero que o destino se cumpra”.
          Quis Deus que o destino não se cumprisse como pretendido por
Latuf. Passou seus últimos dias de vida junto aos seus irmãos e
sobrinhos, em Belo Horizonte, nas Minas Gerais, estado em que nasceu.
        Lá também foi sepultado o seu corpo, no Cemitério Parque Jardim da
Colina; mas, repito, o seu legado ficou verdadeiramente entre nós:
legado poético, legado de generosidade, legado de amor pela cultura e
pelas artes. Ficou aqui, entre nós, também a sua ternura de menino,
que buscava incessantemente  ser feliz.
        Reafirmo: nada havia que escapasse do interesse poético de Latuf.
Termino esta minha homenagem com um poema seu: “Sim./ Há de haver um
deus./ Exibe a face de luz nas manhãs,/ tem o calor das tardes
tropicais,/ a calma que aparece com o crepúsculo,/ e o mistério das
noites onde o busco”.
        Tenho certeza que este Deus o acolheu em toda sua plenitude.


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Texto de 2009,  referente à publicação do livro "Águas de Saquarema", saudoso escritor e professor Latuff Isaías Mucci, que na ocasião publicou em seu Blog:



Águas de Saquarema

No dia 08 de agosto de 2009 será lançado em grande estilo o livro de poesias do Professor Latuf Isaias Mucci, às 20h, na Casa de Cultura Valmir Ayala, em Saquarema (antigo prédio da Prefeitura).
Latuf, com o seu Águas de Saquarema, presenteia a Cidade título, com versos próprios, singulares, dizendo ser ela a única entre todas que lhe arrebatou por inteiro e definitivo. Como um monge pós-moderno, canoniza num paradoxal enredo a cidade, que transforma em musa, como se somente ela existisse a seus olhos.
Ouvi do Poeta que Àguas de Saquarema “é um gesto de gratidão para com a cidade que o acolheu”, e certamente o eternizará como seu filho do coração.
Conclamo a confraria a participar do evento, que demonstra claramente que a poesia está cada vez mais viva para quem tem o que dizer.



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Crônicas


José Saramago - Publicada em 06/08/2010 no Jornal O Saquá


O Poeta Alberto de Oliveira - Publicada em 02/06/2010 no Jornal O Saquá

Monteiro Lobato e os Livros (Parte 2) - Publicada em 09/12/2009 no Jornal O Saquá

Monteiro Lobato e os Livros (Parte 1) - Publicada em 05/11/2009 no Jornal O Saquá



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Poesia

Gênio dos pés descalços


Nelson
de todos os Santos
de Nossa Senhora de Nazareth
que lhe deu o dom de ser
artífice
aluno e professor
da arte de pintar
indeléveis mãos
de gênio
dos pés descalços
simples artista do povo
que democratizou a arte
partilhando com os seus
o dom ser
Nelson...
de todos os Santos.

AFAN – 18.03.2009


(Poema em homenagem a Nelsinho, artista plástico saquaremense)


:: Máquina do Tempo ::


O ano era de 2051
entrei  em uma máquina do tempo
máquina de ilusões de cor prateada
como um sonho retornei ao passado
noite de lua cheia
de um inverno no começo do século
agosto era o mês
a fazenda de café dormia
quase por completo
um homem porém caminhava
banhado pelo clarão da lua
esgueirou-se pela parede esquerda da Casa de Farinha
até alcançar a porta principal
havia no ar cheiro de goma de farinha
no balaio mandioca picada, raspada, moída, prensada
aquela seria a noite derradeira
em um cenário de dar medo
com a espingarda de carregar pela boca
municiada com  bala de prata e sal
o homem aguardava o momento fatal
postou-se quieto atrás do moinho
posicionou a arma de frente para a porta principal
quase sem respirar para não chamar a atenção
foi quando ouviu um barulho
pegadas de bicho grande nas folhagens
vinha em direção ao engenho
o coração do homem disparou 
o suor jorrava pelas têmporas
a mão tremia
sentiu um desconforto na barriga
um nó nas tripas
não havia tempo para correr
estava ali para desvendar o mistério
que bicho era aquele
que invadia o engenho nas noites de lua cheia
comia a farinha ensacada, a sola, o biju?
tinha fome voraz

escutou ao longe a cachorrada latindo
como se pressentisse o perigo
a porta rangeu nos gonzos
a tramela foi partida em duas
pela força do bicho
tinha olhos de cão danado
orelhas de burro acuado
focinho  de lobo selvagem
pelo de urso crispado
era um homem em forma de bicho
ou talvez
um bicho em forma de homem
não hesitou 
atirou com sua espingarda de carregar pela boca
com bala de prata e sal
o medo fez com que errasse o tiro
- mas isso jamais confessou-
o lobisomem consegui fugir
não foi dessa vez
que o meu avô conseguiu matar a fera
homem com jeito de bicho
ou talvez
bicho com jeito de homem
para consolo
muitas luas cheias virão
e quando ficar novamente cara a cara com o bicho
a arma não irá falhar
- nem os seus nervos.

Esta história chegou aos netos, bisnetos, tataranetos...
graças à máquina do tempo
de cor prateada.

CHICO PERES





:: Poetas Não Morrem ::



A morte, ela de novo, chegou sorrateira
Deixando a sensação de que sequer houve tempo para arrumar as malas para a grande viagem
Ceifou a vida de um homem de bem,
Calou o poeta.
Tirou de nós a possibilidade de ouvir o clamor do retirante do “norte”
O grito sertanejo.
Mas, alto lá!
Poetas não morrem!
Poetas vivem para sempre na memória dos cordéis
“Augustos dos Anjos” sobrevivem a tudo.
Lembraremos dele, quando provarmos os “borogodós”
Dele sobrevivem as mansas palavras que fluíam de seu olhar
Fortes expressões de amizade
Respeito pelo semelhante.
Homem pequeno de carne
Mas grandioso em posicionamentos.
Morto...
Vive para sempre dentro de nós
Caminhando por nossos sonhos
Sendo expressão para nossa realidade.
Para nós, jamais foi ou será um simples “Zé”
Para nós, resistiu o forte sertanejo
Que sobretudo soube extrair o doce da vida
Como se extraísse da cana o açúcar
Agora, posso afirmar: a morte não o pegou de surpresa
Porque já havia construído sua história
Como bom pedreiro, como Maçom construtor
Adepto da Arte Real, do Grande Arquiteto do Universo
Que nos legou este mundo para que nele construíssemos a nossa história.
Há agora uma nova Iniciação
O Mestre é transformado em Aprendiz
E irá construir nova história
Junto a Deus.
Aqui, neste plano, sentiremos saudades
Mas convictos estamos de que o nosso dia também chegará
Fiquemos atentos!
E um dia, no astral,
Nos reuniremos novamente, numa grande família
Todos nós
E o José estará lá
Sorrindo...
Declamando poemas
Para alegrar os nossos corações.

                                                       Ao Irmão José Viana de Oliveira a nossa Homenagem
                                                    Irmão Antonio Francisco Alves Neto, 31 de março de 2007  

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:: Amor em Poesia ::
















Meus poemas são meu diário
neles conto as minhas histórias
neles o meu cotidiano
minhas lembranças
como vejo a vida
o amor que sinto
até as desilusões
da natureza quase sempre brotam
pródigos
esbanjam vida frescor
mas o grande impulsionador dos meus poemas
é o amor
que sinto pela mulher amada
que compartilho com minha família
que nutro pela natureza
a vida passa...
mas o amor pode eternizar-se
basta transformá-lo em poemas

(Amor em Poesia - Livro "Amor em Poesia", de Antonio Francisco Alves Neto - Ed. Tupy Comunicações - 2007)


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:: Poema do Exílio (A Ferreira Gullar) ::

Escrevo para manter-me vivo
resgatar as lembranças
abraçá-las como a um filho perdido
não estou só
tenho ao meu lado o passado
minha infância querida
melhor passar fome
dormir no chão batido
sob as estrelas
do que ser náufrago
até as putas daqui
não me consolam
falam outra língua
com pudor exagerado
grito porque dói
choro porque sinto o horror
da fome saciada
a saudade me corrói
do tempo que não tinha nada
o cheiro da lama
guardo em minhas entranhas
apego-me a ele
como a um irmão
por que estou aqui tão longe?
fui parido ao avesso
cuspido como merda
a poesia faz-me resistir
escrevo para preencher-me
papel vazio
num teatro de ilusões
protagonizo angústias
melhor que estivesse morto
exilado para sempre
sonho com o dia de voltar à casa minha
beber água da talha
dizer para aqueles filhos das putas
que não sucumbi
que a mãe/madrasta me tratou
como a um filho querido
consolou-me
pariu-me não como as putas que os pariram
deu-me força
vá redescobrir sua terra
um novo Brasil
e sorria quando tudo isso passar
abra a gaveta
recolha os cacos guardados
junte-os
cole-os
de um vazio
surgirá um vaso
e ponha nele flores
para atrair os colibris...


Antônio Francisco Alves Neto
(Chico Peres) – 30.09.2011


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:: Confidente ::



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